Início >> Ufba Em Pauta >> Seminário reúne grupos de estudos de gênero e feminismo ativos na UFBA

Seminário reúne grupos de estudos de gênero e feminismo ativos na UFBA

NEIM, CUS, GEM e MUSA participam do debate

O auditório II do Paf V foi o cenário da discussão de pautas que se destacaram na UFBA nos últimos 10 anos e que vem transformando comportamentos sociais em todo cenário nacional na atualidade. Gênero, Feminismo e sexualidade: UFBA em Pauta, foi o evento dentro do Congresso de 70 anos da Universidade, promovido pela iniciativa do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Sobre a Mulher (NEIM). O seminário, realizado na manhã desta sexta-feira, 15 de julho, contou com a presença de coordenadores de diversos grupos de estudos, que contaram as ações afirmativas realizadas dentro e fora da comunidade acadêmica.

O NEIM é uma grande referência de estudos e pesquisa em gênero e feminismo, desde os anos 80, e trabalha na elaboração de políticas públicas, que ampliam a discussão com a sociedade a respeito da interseccionalidade, que é uma forma de combate às discriminações referentes a gênero, raça, feminismo, dentre outras identidades sociais alvos de opressão. Para Márcia dos Santos Macêdo, pesquisadora do NEIM, por muito tempo gênero era visto como uma questão específica que não poderia ter um lugar de destaque e nem ser oferecido como uma curso de graduação. Márcia ainda salienta que o Bacharelado em Gênero, criado em 2009,  "visa a atingir outras graduações, na perspectiva interseccional, fornecendo disciplinas como Introdução aos Estudos de Gênero a estudantes de diversos campos da UFBA". O curso é reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação), com nota 4, e foi pensado para que estudantes atuem nas políticas públicas, com o objetivo de provocar mudanças sociais.

Foram convidados para o seminário Silvia Lúcia Ferreira e Edméia de Almeida Cardoso, membras do Grupo de Estudos sobre Saúde da Mulher (GEM), no curso de Enfermagem; a coordenadora do Programa Integrado em Gênero e Saúde (MUSA), Estela Maria Motta, vinculada ao instituto de Saúde Coletiva; e Leandro Colling, coordenador do grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade (CUS). Os grupos apresentados  ganharam espaço dentro da universidade, principalmente nos últimos 10 anos, não somente pelo viés acadêmico, como também pelas suas intersecções na formação de políticas públicas.

O GEM foi pioneiro na defesa do aborto, ainda no final dos anos 80, em plena Escola de Enfermagem. "Nós tínhamos naquela época posicionamentos incisivos, e era necessário que as posturas fossem radicais, para que as mudanças a favor dos direitos das mulheres fossem implementadas", relata Silvia Lúcia Ferreira.

Estela Maria Motta aponta que o MUSA foi inspirado no feminismo acadêmico e na reforma sanitária, sendo que o grupo produz um "conhecimento não sexista", rompendo também com a concepção materno-infantil, em que a mulher é vista como "mãe ou potencialmente grávida".

Segundo Leandro Colling, a integração entre os grupos é importante para a fortalecimento da implantação do feminismo e da questão de gênero no processo de democratização do país. "As diferenças epistemológicas não necessariamente são negativas, e podem ser produtivas para o aprendizado e fortalecimento dos grupos de estudo", ressalta Leandro.