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Justas homenagens e debates fundamentais marcam a programação da UFBA no Fórum Social Mundial 2018

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A UFBA inicia suas atividades no Fórum Social Mundial 2018 no começo da tarde de terça-feira, 13 de março, com uma verdadeira celebração da ciência e da cultura produzidas na Bahia, no salão nobre da reitoria. É ali, às 14:30 horas, depois de ter sido recepcionado na entrada do prédio pela Orquestra de Frevo e Dobrados sob a regência do maestro Fred Dantas, que o público presente participará da homenagem da Universidade ao casal de cientistas Zilton Andrade e Sônia Andrade e ao artista plástico e escritor Mestre Didi, Deoscóredes Maximiliano dos Santos, cujo centenário se celebrou em 2 de dezembro de 2017.
 
Para quem não sabe, Zilton Andrade, prestes a completar 92 anos, professor emérito da UFBA e patologista reconhecido, é um dos mais importantes pesquisadores do Brasil em doenças endêmicas, em especial  esquistossomose e Chagas, é membro da Academia Brasileira, e segue ativo, trabalhando diariamente em seu laboratório, junto com Sonia, na Fundação Oswaldo Cruz em Salvador, a Fiocruz-Bahia. Ela, Sonia Gumes Andrade, completará 90 anos neste ano, é também pesquisadora respeitada, e se notabilizou principalmente com seus estudos experimentais em doença de Chagas.
 
Consta na página do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sobre cientistas brasileiros memoráveis esse trecho acerca de Sonia: “Nesse mesmo ano [1953], a jovem médica casou com Zilton Andrade, que conhecera durante o curso médico, e que àquela altura retornava da residência médica em patologia na Tulane Universty School of Medicine, e se tornou professor da Faculdade de Medicina da Bahia.   Juntos eles tiveram seis filhos, e são casados até hoje”. Vale adicionar só mais um pequeno trecho da memória do CNPq para ressaltar a longa parceria e cumplicidade pessoal e científica do casal: “Sonia Andrade se notabilizou pelos estudos em doença de Chagas experimental.  Seu interesse científico nesse campo se manifestou desde o início de sua integração ao Laboratório de Patologia, onde produziu, em 1955, os primeiros trabalhos, em co-autoria com Zilton: “A patologia da doença de Chagas (forma crônica cardíaca)” e “A patogenia da miocardite crônica chagásica (a importância das lesões isquêmicas)”, publicados, respectivamente, no Boletim da Fundação Gonçalo Moniz, e Arquivos Brasileiros de Medicina”.
 
 
Mestre Didi, filho único da mãe-de-santo Maria Bibiana do Espírito Santo, era, como disse a antropóloga Juana Elbein dos Santos, sua mulher, em entrevista ao jornalista Luís Nassif em 2014, “um sacerdote artista. Expressa, através de criações estéticas, arraigada intimidade com seu universo existencial, onde ancestralidade e visão-de-mundo africanas se fundem com sua experiência de vida baiana”. A homenagem da UFBA a essa notável personagem da cultura baiana, que recebeu em 1983 o título máximo de Obá Mobá Oni Xangô, do rei de Ketu, em Benin, África, vai incluir a exibição de um grande boneco feito pelo artesão Jurandyr Sobrinho a partir de desenho do artista plástico Mauritano, na parte externa da reitoria.
 
No dia anterior, segunda, 12 de março, a UFBA terá inaugurado como parte de sua contribuição ao Fórum Social Mundial 2018, na antessala do gabinete do reitor, a exposição do fotógrafo Sebastião Salgado sobre os índios Korubo, dentro do tema dos povos indígenas. Esses trabalhos resultam do primeiro contato do artista com o povo Korubo, residente do Vale do Javari, no Oeste da Amazônia, e a exposição ficará aberta ao público durante todos os dias do evento. 
 
Concluída a sessão de homenagens no salão nobre da reitoria, no Canela, na tarde da terça-feira, 13, os presentes que assim o desejarem sairão em marcha até o Campo Grande, onde desde as 15 horas acontecerá a concentração para a grande marcha de abertura do Fórum Social Mundial 2018. A previsão é de que seja iniciada por volta das 16 horas essa marcha em direção à Praça Castro Alves, anunciando aos habitantes de Salvador que o Fórum começou.
 
 
 
Debates fundamentais
 
Em meio a virulentos ataques que a universidade pública brasileira tem sofrido, ela é por necessidade e direito a grande personagem de uma das mais importantes mesas propostas pela UFBA para o Fórum Social Mundial, “A universidade e a educação no contexto da resistência democrática” , que vai acontecer na quinta-feira, 15 de março, das 9 às 13 horas, no salão nobre da reitoria.
 
O reitor da UFBA, João Carlos Salles, participará dessa mesa juntamente com o sociólogo português Boaventura de Souza Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e os reitores Jaime Arturo Ramírez, da Federal de Minas Gerais (UFMG), Márcia Abrahão Moura, da Universidade de Brasília (UnB), e Soraya Soub Smalli, da Federal de São Paulo (Unifesp).
 
No dia anterior, 14, também no salão nobre, a partir das 9 horas, a universidade estará em discussão, dessa vez como instituição central da construção de uma verdadeira comunicação pública. A mesa foi proposta pela presidente do conselho afastado da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Rita Soares, membro do GT de Comunicação do Fórum, e deverá contar, entre outros debatedores, com o sociólogo Boaventura de Souza Santos e os reitores João Carlos Salles (UFBA) e Roberto Leher, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
 
O começo da tarde encontrará o mesmo salão nobre envolvido na mesa “Anticapitalismo na era neoliberal”, que tem entre seus participantes o sociólogo e cientista político Emir Sader. E mais tarde, às 17:30 horas, o tema será “A imprensa popular na era dos fake new”. Estão nela Raimundo Rodrigues Pereira, integrante de várias publicações da grande imprensa e da imprensa alternativa, antes de criar ele mesmo veículos importantes de esquerda, como o Jornal da República e a revista e a enciclopédia Retratos do Brasil; Luís Nassif, conhecido jornalista de economia, fundador da Agência Dinheiro Vivo e do jornal GGN, Laura Capriglione, uma das criadoras da rede de mídia Jornalistas Livres, e Emiliano José, jornalista ligado à criação de jornais da imprensa alternativa, professor aposentado da Facom-UFBA e ex-deputado.
 
A reforma trabalhista estará em pauta no salão nobre no dia 15, a partir das 15 horas, por proposta da socióloga Graça Druck, professora da UFBA. Autora do livro “A perda da razão social do trabalho: terceirização e precarização”, ela coordenará a mesa “Trabalho digno: respostas à reforma trabalhista, controle social e direitos humanos”, que contará com a participação, entre outros, do  editor do Le Monde Diplomatique Brasil, Silvio Caccia Bava.
 
A destacar também, enquanto se finaliza a programação, a mesa “Brasil e a crise de destino: a ausência de um projeto nacional”, com o economista Márcio Pochmann, na tarde do dia 15, em local ainda a ser definido, assim como a mesa “Outro modo de interpretar a economia e propor o Projeto Brasil”, com o economista Luiz Gonzaga de Mello Belluzo, entre outros, na tarde da quarta-feira, 14.
 
Vale observar que a programação final está sendo ajustada, portanto, poderá ainda sofrer ajustes de datas, horários e locais. A UFBA aprovou ao todo 202 propostas de atividades, entre mesas, intervenções artísticas e outras iniciativas. Confira aqui.