Os ex-alunos da Universidade Federal da Bahia Carlos Sarno, Eduardo Safira e Eliete Teles dos cursos de Ciências Sociais, Economia e Direito, respectivamente, serão ouvidos pela comunidade universitária na sétima oitiva da Comissão Milton Santos de Memória e Verdade que ocorrerá nesta terça-feia (1º/04), às 14h no auditório da Faculdade de Comunicação (FACOM), em Ondina. A sessão que é aberta ao público tem como objetivo conhecer os impactos da ditadura militar na vida dos ex- alunos.
Sexta oitiva
A sexta oitiva da Comissão Milton Santos de Memória e Verdade que aconteceu na tarde da última terça-feira (25/03), trouxe os depoimentos de Gorgônio Loureiro e Lauro Correia, ex-alunos de Direito nos anos 60 na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Personagens da história política brasileira falaram sobre o que os unia: o desejo de ver o povo brasileiro, todo ele, consciente de sua capacidade de transformar suas próprias vidas. Para tanto, ambos viam nos Centros Populares de Cultura espalhados pelo Brasil uma ferramenta para mudar a realidade social do país.
Gorgônio, ex-dirigente do Centro Popular de Cultura (CPC) na Bahia, representou a União Nacional dos Estudantes (UNE) em dois congressos internacionais: o primeiro na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e em seguida na Suiça, na cidade de Genebra. Foi preso pelo Exército Brasileiro durante 50 dias, sendo liberado por determinação do Tribunal Regional Militar, que considerou inconsistentes as denúncias contra ele.
Lauro Correia, ex-coordenador do CPC e membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi recolhido pelo exército nas imediações do Forte de Mont Serrat, na Península de Itapagipe. “Fiquei preso durante 52 dias”, declarou, disse ainda saber ser “credor da repulsa dos setores golpistas que então vinham se formando”. Lauro atuava sempre nos bastidores, e teve problemas com o exército exatamente por isso. Perdeu 15 quilos na prisão, sofreu com a asma que o acompanha até hoje, além de ter sido vítima de recorrentes abusos por parte dos militares. Anos mais tarde, com o Ato Institucional nº 5, viu-se obrigado a deixar Salvador para não ser preso novamente.