A professora e pesquisadora do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, Blandina Viana, é uma das representantes do Brasil na Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), das Organizações das Nações Unidas, que realizou a primeira atividade entre os dias 30 de junho e 4 de julho, em Siegburg, na Alemanha. A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES), organismo intergovernamental independente aberto a todos os países membros das Nações Unidas, foi criado em 2012 em resposta às preocupações da comunidade científica sobre a falta de esforços internacionais para combater as ameaças à biodiversidade. O IPBES é uma iniciativa das seguintes Instituições: UNEP (Programa Ambiental das Nações Unidades), UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), FAO (Organização das Nações Unidas para alimentação e Agricultura) e PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
A IPBES segue o mesmo modelo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), reunindo cientistas e tomadores de decisão de todo o mundo para monitorar o estado da biodiversidade e dos recursos naturais no planeta e fazer previsões de como as mudanças dos serviços ecossistêmicos podem afetar os ecossistemas e o bem estar humano. De acordo com Viana, integrar a plataforma como especialista brasileira representa “um grande desafio e um importante passo na aproximação da ciência com a política, pois a IPBES reunirá cientistas e tomadores de decisão para avaliar o estado atual da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, no mundo e propor soluções para conservação e uso sustentável”.
Os especialistas internacionais se reuniram para participar do primeiro encontro de avaliação da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), cujo foco principal foi os polinizadores e os serviços de polinização. Devido a sua alta relevância política, o tema polinização foi escolhido para a primeira avaliação do IPBES pelo fato dos polinizadores estarem seriamente ameaçados na maioria dos ecossistemas terrestres. No âmbito global, sabe-se que 75% das principais culturas beneficiam-se da polinização e que 78 a 94% da flora silvestre também dependem de polinização por insetos.
Os serviços de polinização na produção de alimentos e na conservação dos ecossistemas terrestres são reconhecidos pela sua importância, porém faltam políticas globais efetivas e mais esforços para a implementação das políticas existentes. Nos últimos 50 anos, de acordo com dados recentes, a área cultivada com culturas dependentes de polinizadores aumentou 300% para compensar o impacto do déficit de polinização na produtividade agrícola.
Os especialistas integrantes da IPBES desenvolverão trabalhos até 2015. As melhores informações científicas disponíveis e os conhecimentos tradicionais indígenas servirão de suporte aos governos dos países membros das Nações Unidas para a tomada de decisões no sentido da conservação e uso sustentável dos polinizadores e dos serviços de polinização, e ainda, fortalecerão a interface entre ciência e política.